7.2.4 Risco Operacional
Introdução
Basiléia II incluiu a parcela de requerimento de capital para risco operacional. Isso tem exigido grandes esforços das instituições financeiras para adequação de suas estruturas ao Novo Acordo, o que envolve, dentre outros procedimentos, investimentos em infra-estrutura e informações, a fim de propiciar o desenvolvimento de modelo interno para o gerenciamento e mensuração deste risco.
Para regulamentar Basiléia II no Brasil, o BACEN vem divulgando diversos normativos. Em 29.06.2006, editou a Resolução CMN 3.380, que dispõe sobre a implementação de estrutura para gerenciamento do Risco Operacional, e, em 27.09.2007, o Comunicado 16.137, que estabelece o cronograma para implementação de Basiléia II e prevê que o processo de autorização para uso de modelos internos iniciar-se-á em 2011, para implementação em 2013.
Ressalta-se que o BB implementou ações destinadas a garantir o alinhamento de sua estrutura de gerenciamento do risco operacional ao disposto na Resolução CMN 3.380 e vem, desde a publicação de Basiléia II, adotando ações no sentido de construir um modelo interno de gestão efetivo que, conseqüentemente, atenda ao estabelecido pelo regulador.
Políticas
As Políticas de Risco Operacional, aprovadas e revisadas anualmente pelo Conselho de Administração, contêm orientações às áreas do Banco, que visam garantir a efetividade do modelo de gestão do risco operacional.
Essas políticas, aderentes ao preconizado em Basiléia II e aos requisitos da Resolução CMN 3.380, permeiam as atividades relacionadas ao gerenciamento do risco operacional, com o objetivo de identificar, avaliar, mensurar, mitigar, controlar e monitorar os riscos operacionais inerentes aos produtos, serviços, processos e sistemas do Banco.
Estrutura de Gerenciamento
Em atendimento ao artigo 4º da Resolução CMN 3.380, de 29.06.2007, definiu-se que a estrutura de gerenciamento do risco operacional no Banco do Brasil é composta pelas Diretorias de Gestão de Riscos, Controles Internos e Gestão da Segurança, sendo o Conselho de Administração responsável pelas informações divulgadas. O Diretor de Gestão de Riscos, por meio de indicação do Conselho de Administração, é o responsável perante o Banco Central do Brasil, pelo gerenciamento do risco operacional do Banco do Brasil.
O quadro abaixo apresenta as principais responsabilidades das áreas que compõem a estrutura de gerenciamento do risco operacional.

Figura 47. Estrutura de Gerenciamento
A Auditoria Interna é responsável pela verificação do gerenciamento de risco operacional e do funcionamento de sua estrutura.
Para garantir efetividade ao gerenciamento do risco operacional no BB e assegurar a realização das funções pelas áreas responsáveis, definiu-se cinco fases de gestão, cujas principais atividades vinculadas estão sintetizadas abaixo:
Identificação: Determinar a origem dos riscos e as fragilidades nos processos do Banco e nos serviços relevantes executados por terceiros.
Avaliação e mensuração: Proposição de Indicadores-Chave de Risco (ICR), quantificação das perdas esperadas e não esperadas e cálculo do capital a ser alocado para risco operacional.
Mitigação: Desenvolvimento de mecanismos e planos de ação para mitigação dos riscos operacionais identificados e elaboração de planos de continuidade de negócios.
Controle: Acompanhamento das ações de mitigação; proposição, implementação e acompanhamento das ações de controle; apuração do nível de conformidade dos processos; e realização de backtesting.
Monitoramento: Monitoramento dos eventos de perda operacional, do comportamento dos Indicadores-Chave de Risco (ICR), dos limites de exposição, bem como da existência de controles internos e de planos de continuidade de negócios.
As atividades vinculadas a cada fase têm responsabilidades pré-definidas, de forma individual ou conjunta, envolvendo os gestores de produtos e serviços e as Diretorias de Gestão de Riscos, Controles Internos e Gestão da Segurança.
Neste sentido, a estrutura de gerenciamento do risco operacional está capacitada para identificar, avaliar/mensurar, mitigar, controlar e monitorar os riscos associados ao Conglomerado Financeiro, bem como a identificar e monitorar os riscos inerentes às demais empresas integrantes do Consolidado Econômico-Financeiro e aos serviços terceirizados relevantes ao funcionamento regular do Banco do Brasil.
Estrutura Conceitual
No Banco do Brasil, em aderência ao Basiléia II e à Resolução CMN 3.380, risco operacional é definido como a possibilidade de ocorrência de perdas resultantes de falha, deficiência ou inadequação de processos internos, pessoas e sistemas, ou de eventos externos.
Este conceito inclui o risco legal e evidencia as causas de um evento de risco operacional, categorizadas como fatores de risco. Os fatores de risco Pessoas, Processos, Sistemas e Eventos Externos são desdobrados em subfatores e constituem a base para identificação do risco operacional a que o Banco está exposto.
A figura abaixo sintetiza o modelo de fatores e subfatores de risco operacional padronizado no Banco do Brasil:

Figura 48. Estrutura conceitual de Risco Operacional
Para gerir o risco operacional, é fundamental a diferenciação entre as causas e as suas diversas formas de manifestação, caracterizadas como eventos de perda. O Banco do Brasil agrupa os eventos de perda em três níveis, com os seguintes objetivos: - agregar e organizar eventos que possuam características semelhantes em estrutura lógica; - permitir a captura, análise e monitoramento dos eventos via sistemas informatizados; - facilitar integração com órgãos reguladores e comparabilidade com outros Bancos.
No primeiro nível, o Banco do Brasil padronizou os eventos de perda nas seguintes categorias: i) Problemas Trabalhistas; ii) Fraudes e Roubos Externos; iii) Falhas nos Negócios; iv) Fraudes Internas; v) Danos ao Patrimônio Físico; vi) Falhas em Processos; vii) Falhas de Sistemas; viii) Interrupção das Atividades.
Instrumentos de Gestão
Para gerenciar os riscos operacionais, o Banco do Brasil utiliza, dentre outros instrumentos, Indicadores-Chave de Risco (ICR), Limites de Exposição a Perdas Operacionais e o Relatório de Monitoramento de Perdas e ICR, encaminhado mensalmente ao Comitê de Risco Global e ao Subcomitê de Risco Operacional.
Indicadores-Chave de Risco (ICR)
Os ICR indicam numericamente a freqüência e/ou a severidade das ocorrências de causas relevantes, associadas aos fatores e subfatores de risco, de eventos de perda. Possui correlação positiva com a exposição a risco, isto é, o aumento do indicador sinaliza aumento dos riscos.
A definição de ICR requer a implementação das seguintes etapas: i. mapeamento dos processos críticos; ii. tipificação e descrição dos possíveis eventos de perda relacionados; iii. identificação de fragilidades que levam aos eventos de perda; iv. identificação dos fatores de risco associados às fragilidades; v. proposição de Indicadores-Chave de Risco (ICR).
Por meio dos ICR, são identificados desvios no comportamento esperado dos processos operacionais que exponham a instituição a maiores riscos e que, em conseqüência, possam gerar maiores perdas.
O Banco do Brasil vem identificando a necessidade de implementação de ICR em todas as áreas, no intuito de monitorar o ambiente dos processos que apresentam maior probabilidade de risco operacional, associado a perdas operacionais realizadas ou potenciais. Os ICR são acompanhados pelos gestores de produtos/serviços e monitorados mensalmente pelo Subcomitê de Risco Operacional, dependendo da criticidade e especificidade do indicador.
Limites de Exposição a Perdas Operacionais
Para garantir efetividade ao gerenciamento do risco operacional, o Banco do Brasil utiliza-se de Limites de Exposição a Perdas Operacionais, os quais visam estabelecer níveis aceitáveis de perdas operacionais ao BB e são acompanhados mensalmente pelo Subcomitê de Risco Operacional e Comitê de Risco Global (CRG), no sentido de implementar ações de mitigação e reduzir o nível de exposição.
Neste sentido, o CRG instituiu o Limite Global de Perdas Operacionais, a fim de possibilitar a gestão das perdas operacionais a partir de níveis de tolerância estatisticamente pré-estabelecidos e possibilitar a identificação de fragilidades associadas a processos que possam gerar perdas expressivas.
A figura abaixo apresenta o acompanhamento das perdas operacionais do BB, realizada por categorias de eventos de perda, em termos percentuais.

Figura 49. Acompanhamento das perdas operacionais
Foram definidos, também, limites específicos de exposição a perdas operacionais para os canais de auto-atendimento, em função da sua respectiva movimentação financeira, no intuito de facilitar e agilizar a implementação de ações de mitigação. Os seguintes canais possuem limites definidos e revisados periodicamente: TAA, POS, Internet Pessoa Física, Saques no Exterior, CABB, Celular, Lotéricos, Banco 24h, TAA (CEF) e Gerenciador Financeiro . O gráfico abaixo apresenta o somatório do acompanhamento dos limites estipulados para estes canais.

Figura 50. Gerenciamento de perdas por canal de atendimento |